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  • Foto do escritorSusana Cruz

Propriedades Minhotas

O tamanho das propriedades no Minho são muito mais pequenas do que as propriedades no nosso Alentejo. Há historiadores que dizem que não são propriamente divisórias, são sim vencimentos de declives devido à geografia sinuosa dos terrenos no Minho e Trás-os-Montes. No entanto, há áreas onde os terrenos são planos e ainda assim muito subdivididos, o que nos leva a outros historiadores/sociólogos que advertem para a forma de pensamento social nos séculos XVI e XVII.

No Alentejo as grandes propriedades eram geridas por famílias abastadas que contratam funcionários para ajudar na propriedade. Têm normalmente 2 filhos, um segue o caminho dos pais, o outro vai estudar na universidade, aprende leis, medicina ou outros, voltando à sua terra como advogado, juiz ou médico, por exemplo. Quando os seus pais falecem deixam a herança para um dos filhos, o primogénito, aquele que continua o trabalho de gestão dessas propriedades, sob a forma de Morgadio. Os restantes irmão que haviam estudado na Universidade, têm os seus próprios trabalhos e não necessitam do terreno. No caso do Norte de Portugal, Minho e Trás-os-Montes, um proprietário, por muito rico que seja, não tem funcionários trabalhando com ele. Ao empregar funcionários, será visto como incompetente - incapaz de trabalhar sem ajuda externa na sua propriedade - àquele que é contratado também será visto como incompetente - incapaz de ter o seu próprio pedaço de terra. Assim sendo cada família vai ter entre 10 e ou 15 filhos que ajudam a trabalhar na agricultura e propriedades dos pais. Mão-de-obra familiar é considerada barata, rápida e fácil. Quando os pais falecem a propriedade é dividida entre todos. Estes nasceram na agricultura, cresceram na agricultura e é a única coisa que sabem fazer da sua vida. Quando os pais falecem deixam testamento com divisão de partes por todos os filhos dividindo a mesma herança e propriedade em 10 ou mais partes. Se a propriedade começa com 100 ha, dividimos por 10 e resta 10 ha para cada filho. Se continuarmos a mesma mentalidade na geração seguinte, ficará 1 ha para cada filho, e assim sessucivamente até que resta uma pequena propriedade, tão pequena que não é o suficiente para uma família tentar uma nova forma de viver, assim se inicia a imigração. Principalmente aos que datam da revolução industrial, tentam a sua sorte imigrando para as cidades do litoral para fábricas ou arriscam a separação definitiva com a sua terra para novos mundos.

Estas famílias que saiam de Portugal em busca de nova oportunidade de trabalho não tinham qualquer experiência ou conhecimento sobre os seus destinos, para conseguirem bilhete de comboio ou barco, assim como autorização de saída de Portugal e entrada em um outro país, recorriam à ajuda do sr Abreu. Assim começa a Agência de viagens Abreu, conhecida como a mais antiga agência de viagens do mundo, data de 1840. Aos pouco que voltavam eram chamados os "torna viagem", voltavam com fortunas feitas no café, ouro, açúcar e escravos e dinheiro para gastar em casas, festas

Até ao século XX era difícil de voltar a Portugal, pelo que resultou em milhares e milhares de portugueses que nunca regressaram ao seu país. Na actualidade muitos deles regressam ao fim de um tempo com algum dinheiro para investir em pequenos negócios de sobrevivência. Outros, conseguindo trabalhos bons lá fora, mantém-se até à reforma e no pequeno terreno foi sendo construída, ano após ano, a casa que mais tarde será a habitação da sua reforma. Em alguns dos casos, os filhos crescem em outros países e já não voltam, lá têm o seu próprio trabalho, nova família e amigos.

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