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  • Foto do escritorSusana Cruz

Capela Vista Alegre

Na quinta da Vista Alegre foi mandada eregir uma capela em honra de Nossa Senhora da Penha de França, como promessa do Reitor da Universidade de Coimbra e Bispo de Miranda do Douro, D. Manoel de Moura Manoel, do qual ele próprio era muito devoto e grato pela cura da sua doença.


Lenda de Nossa Senhora da Penha de França

Reza a história que um peregrino que fazia o seu caminho até Santiago de Compostela teve um sonho em que a Virgem lhe pediu que buscasse a sua imagem no monte. Depois de muito tempo à procura acabou por encontrar uma imagem que talvez tenha caido aquando as batalhas de Carlos Magno contra os Mouros na península. Aí se construiu um mosteiro da ordem dos Dominicanos.


Nela obrou Gabriel del Barco, castelhano que havia iniciado a sua pintura em tectos caiados - possívelmente a árvore de Jessé na nesta mesma capela seja obra sua - e desenvolve para a pintura em tons de azul em azulejo à moda Holandesa, a primeira em Portugal. Os azulejos datam de 1696 elaborados na fábrica do rato em Lisboa.


A primeira documentação relacionada com a Capela data de 1699 e conta a ordem de elaboração de um túmulo ricamente trabalhado em pedra Ançã por Claude Laprade, conhecido por várias das suas obras na cidade de Coimbra.

A Pedra Ançã era conhecida como um tipo de pedra macia e fácil de talhar. Na obra destaca-se a figura da caveira ladeada por 2 representações femininas - as mesmas que encontramos com D. José I na Tribuna da Universidade de Coimbra - logo abaixo a imagem do Velho Cronos, ou Tempo, e as suas caveiras acima dizem-nos que seja qual for a nossa importância em Vida, a Morte acaba sempre por nos alcançar.

Nesta representação, D. Manoel de Moura Manoel tenta se levantar do Túmulo - e não apresenta as mãos ao peito como dita a regra papal - talvez ele próprio acreditasse na vida após a morte, o que era incomum entre as gentes da igreja. E embaixo temos 2 figuras carpideiras de luto e leões esmagados pelo peso da cena.

Do lado oposto tem outra obra talvez de Laprade, também, que representa uma donzela - há quem lhe chame a moura - e no medalhão a representação de uma monja idosa que se crê ser a tia do Bispo, ou segundo estórias e más línguas, a própria filha, mas nada que certifique nem uma nem outra versão da história.

No altar principal temos, não só mármores embutidos muito semelhantes ao túmulo de Santa Joana em Aveiro que ladeiam o altar e trazem toda a cor e brilho à cabeceira, mas também um presépio em talha dourada. Logo abaixo pinturas de Santo André, Nossa Senhora com o menino e Santo António com Jesus. No teto do altar tem a representação da Virgem, Mãe de Jesus sendo coroada Rainha dos Céus pela Santíssima Trindade.

Os dois altares laterais representam o Mistério da Conceição e Senhora do Rosário.

Em tempos existiu uma colónia de morcegos que se alimentavam dos insetos e bichos da madeira que danificavam as obras interiores.



Painéis Lado Norte

  1. 1 dos 4 protetores das portas - Monge idoso sem tributos e descalço.

  2. 1 dos 4 protetores das portas laterais - Possivelmente S. Antão que caminha em cima da cobra e lobo, vestido do seu hábito de monge.

  3. S. Cristovão - Lenda de S. Cristovão (link)

  4. Velho quase despido no deserto com uma cruz. Possivelmente S. Jerónimo ou Santo Antão.

  5. Possivelmente uma apresentação de Maria e José com um sacerdote.

  6. Casamento de Maria com José.

  7. Adoração do bebé Jesus aos pastores.

  8. Adoração do menino jesus aos Reis Magos.

  9. Fuga da Sagrada família para o Egipto.

Painéis Lado Sul

  1. 1 dos 4 protetores das portas - Velho quase despido com rosário e livro.

  2. 1 dos 4 protetores das portas - S. Pedro com chaves do paraíso e um livro aos pés.

  3. Monte Penha de França em Salamanca - Lenda acima descrita.

  4. Penitentes, possivelmente S. Francisco ou Santo Antão.

  5. Visitação da prima Isabel.

  6. Anunciação de gravidez de Maria pelo Anjo.

  7. Crucificação de Jesus.

  8. Descida da Cruz com apoio de Maria, Madalena e S. João Evangelista.

  9. Assunção da Virgem aos céus.



Quer saber mais?

Recomendo uma visita ao Museu do Azulejo para compreender a importância do ciclo dos Mestres na história do Azulejo em Portugal.


Perguntas para descobrir mais:

  1. Porque se usa as tonalidades branco e azul no azulejo sabendo que era possível usar outras cores?

  2. Claude Laprade é conhecido no Centro de Portugal, que outras obras se podem destacar deste escultor?

  3. Que outros painéis a nível nacional podemos localizar na época do Ciclo dos mestres?

  4. Porque era tão importante a representação de cenas biblicas nas paredes das Igrejas?


Comments


Susana Cruz.jpg

Olá, que bom vê-lo por aqui!

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