top of page
  • Foto do escritorSusana Cruz

Turismo Negro, o que é?

O Turismo Negro é um turismo que se define pelo envolvimento de viagens e lugares diretamente associados à morte e ao sofrimento, aí ninguém tem dúvidas. As dúvidas surgem no momento em que vamos ao pormenor sobre o que pode ser considerado morte e sofrimento.


S. Vicente de Fora, Lisboa

Turismo Negro é visitar campas, locais de tortura, e momentos de batalhas mortais. Será? Vamos então ver alguns exemplos:

A Cristina Costa adora história e um dos temas favoritos é a história do povo Judeu na Europa. Escolheu se focar na Inquisição e no Holocausto, momentos que obrigaram o povo Judeu a adaptar-se às novas realidades que os soberanos os sujeitaram. É claro que para isso vai visitar espaços de sofrimento, morte, dor e miséria. Poderíamos considerar Turismo Negro?

A senhora Dona Emíla dos Anjos é muito devota de Jesus, e depois de visitar Jerusalém, decidiu ir com o seu marido até Santiago de Compostela para visitar o túmulo do Apóstolo de Jesus. Sim, era seu propósito visitar a arca com os restos mortais de Santiago. Podemos considerar Turismo Negro?

O Senhor Manuel é Benfiquista desde o ventre de sua mãe e decidiu que deveria todos os anos prestar a sua homenagem a Eusébio, o Pantera Negra, visitando o seu túmulo no Panteão Nacional. Podemos considerar Turismo Negro?

Em Almeida os habitantes convidam turistas de todo o país e mais além para assistir à sua representação da Invasão Napoleónica. Também a cidade do Porto já quis marcar a ocasião da Revolução Republicana com uma amostra do confronto dos soldados do rei e os revolucionários do estado, foi um massacre. Podemos considerar isto Turismo Negro?

Capela dos Ossos, Évora

Pois é, assim fica complicado distinguir o que podemos considerar Turismo Negro do que não é. De facto a linha que separa o Turismo Negro de outras formas de turismo é ténue e, em algumas das situações, podemos até considerar inexistente. Vamos ser realistas, tem mais a ver com a aceitação da sociedade do que com definições. A Senhora Dona Emília nunca vai aceitar que pratica Turismo Negro, embora a razão de visitar Jerusalém fora de ver o local onde cristo sofreu, foi humilhado e morto, e continua visitando lugares que se representam pela morte. O senhor Manuel vai todos os anos honrar um morto que não lhe é família. A Cristina vai procurar os maiores momentos de sofrimento de um povo. E os habitantes de Almeida alegram-se em dar a conhecer um dos maiores momentos de tragédia dos seus antepassados.


Não quero com isto dizer que os eventos e atividades que descrevi acima devem ser representados como Turismo Negro, quero é com isto levantar um pouco o véu sobre alguns dos aspetos que, nunca me havia passado pela cabeça, mas podem que ser considerados pontos incluídos no Turismo Negro.

Da mesma forma que passamos ums tarde nas termas e não nos consideramos praticantes de Turismo Termal.

Assim, no meu ver, o Turismo Negro não deve ser visto como um turismo à parte. Visitar a capela dos ossos e perceber que a morte é um momento natural da nossa vida é importante para cada um de nós. Visitar o Mosteiro dos Jerónimos e perceber que parte do dinheiro que para aí vinha era derivado da escravatura, faz parte da nossa história. Percorrer a baixa de Lisboa e imaginar que tudo isso foi reconstruído como resultado de uma catástrofe natural, faz parte da nossa identidade como português.


Chego à conclusão que o turismo Negro sempre fez parte, só nunca foi encarado com este nome por nós e pelos que nos rodeiam.


Deixo algumas palavras-chave que podem úteis para ajudar a refletir um pouco sobre o Turismo Negro:




Comments


Susana Cruz.jpg

Olá, que bom vê-lo por aqui!

Espero que goste das minhas partilhas, sempre que tenha sugestõe comentários ou ideias, fico feliz que partilhe também comigo.

Fique a par de todas as publicações: 

Obrigado por assinar!

  • Facebook
  • Instagram
  • Twitter
  • Pinterest
bottom of page