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  • Foto do escritorSusana Cruz

Rota do Românico - Monumentos


Os 58 monumentos e 12 municípios abrangidos pela Rota do Românico complementam maioritariamente as terras das antigas, e aristocratas, famílias de Sousa, Baião e Ribadouro.

Numa época em que se regia pela regra feudal da Aristocracia e da Igreja, a construção de mosteiros, igrejas, torres e pontes eram de extrema importância.

Em época da reconquista por via da força, e época da economia por via da agricultura, as famílias Senhoriais do Norte foram fundamentais para combater os infiéis, cultivar as terras férteis, e definir fronteiras cristãs. Ajudaram à formação do novo ciclo governativo e defenderam a sua posição na administração local. Eram os principais pilares de sustentação do novo reino de Portugal. Entre tantos estava D. Egas Moniz de Ribadouro, o conhecido aio de Afonso Henriques.



Mosteiros

A quem tinha a sorte de ter um Couto nessas terras férteis podia produzir, viver, cultivar e cuidar dessas terras pagando apenas um tributo ao Senhor supremo das mesmas, fosse o Rei ou o Papa. Àqueles que não o tinham mas queriam construir o seu mosteiro em terras de outros estariam sujeitos às suas regras e regalias. Existiram vários exemplos de mosteiros que foram financiados pelos Senhores em contrapartida pagamento de um tributo até ao fim da vida desse mosteiro.

Exemplo de um mosteiro fortemente característico do período românico é o de Paço de Sousa, fundado por Trutesendo Galindes ligado à família dos Ribadouro sob a regra da ordem beneditina. A sua decoração é muito própria com motivos vegetalistas muito ao gosto da arquitetura visigótica e moçárabe dos séculos V e VIII. Assim, construída sob influência do Românico praticado em Braga e Porto, cria uma vertente do Românico único e identificado por muitos como um Românico "nacionalizado". No seu interior repousam os restos mortais de D. Egas Moniz de Ribadouro.

É também um exemplo de intervenção, que hoje olhamos com desdém, da DGEMN das décadas de 30 e 40, por isso temos de ter em atenção que parte do que é visível é "Românico do século XX".


Igrejas

Igreja do S. Salvador da Cabeça Santa, igreja mandada erigir por D. Mafalda de Sabóia, esposa de D. Afonso Henriques, em homenagem à Cabeça Santa que ninguém sabia de onde viria mas foi associada a diversos milagres. Com o crescimento da veneração de relíquias, tão características do Românico, a igreja tornou-se local de peregrinação e um dos pontos de passagem dos peregrinos de Santiago de Compostela. Era uma fração de crânio de criança encaixada em cintas de prata.

Detalhe da Igreja de Santo André de Vila Boa de Quires

Nunca foi aceite a transladação da dita relíquia para fora da igreja, nem para o Porto, e hoje a freguesia é chamada de Cabeça Santa. No entanto a cabeça desaparecera no verão de 1981, mesmo após investigações, nunca se descobriu o paradeiro da santa relíquia e há quem, por tristeza do acontecimento, já lhe chame a "cabeça roubada".

O seu estilo e intervenções é muito semelhante ao que hoje podemos ver na igreja de Cedofeita do Porto, destaca-se a representação de dois bovinos à entrada do portal principal que protegem selecionando apenas gente de boas intenções e a representação de um saltimbanco, ou acrobata, num dos capitéis da porta sul da igreja, mostrando assim que no exterior da igreja todos os motivos eram bem-vindos, fossem costumes da sociedade, medos, animais selvagens, hábitos regionais, etc; mas a partir do portal principal os motivos e representações eram selecionados de forma a que o servo de Deus se sentisse protegido de todos os males dentro das paredes da casa do Senhor.


Torres

Aproveitando o carácter de fortaleza, as torres senhoriais eram mais símbolos de poder do que de habitação dos fidalgos da região. As torres sempre foram espaços frios, escuros e desconfortáveis, eram usados especialmente para funções relacionadas com demonstração de poder, como sala de tribunal local, receção de convidados ou proteção em caso de ataque de inimigos ou revoltas populares. A altura das mesmas intimidava o visitante, a rigidez e minimalismo decorativo lembrava que o convite era bastante prático, só para negócios sérios. As marcas e símbolos nas pedras lembram muitos de evocações mágicas e feitiços de proteção, mas não passam de assinaturas dos vários pedreiros comprovando o seu trabalho para ao final do dia receberem o seu pagamento.


Pontes

Por muito que gostassemos de acreditar que todas as pontes em pedra na época eram taxadas, tal não era verdade, muitas delas eram gratuitas e algumas em lugares longínquos e isolados. Mas dentro da área da Rota do Românico existe uma nacionalmente reconhecida, a Ponte de Ucanha. Ainda hoje se pode ver a torre na qual se pagava a dita portagem.


Castelos

A zona estudada e protegida pela Rota do Românico era maioritariamente aristocrata numa terra fértil e afastada da fronteira com os Mouros, pelo que a construção de castelos era pouco utilizada. Para já o único que está inserido na Rota é o Castelo de Arnóia.

Edifícios de características defensivas em primeira intervenção, seguem no tempo como edifícios de símbolo de poder da administração local, tribunal e prisão. Tirando partido defensivo eram situados no alto do cabeço de uma montanha dentro da medida da geografia da região, amuralhados, com uma única porta de entrada - só em situações pontuais poderia haver uma porta da traição - com torre central, mais alta que a muralha e com função de vigilância (a torre de menagem) e uma cisterna no interior.

Memorial da Ermida

Memoriais

Os únicos 6 memoriais existentes do mundo da época românica estão em Portugal e mais especificamente na área abrangida pela Rota do Românico. São pequenas construções que relembram determinados momentos da história, por exemplo as conhecidas alminhas.

Um dos mais conhecidos é o memorial da Ermida em Penafiel. Reza a lenda que D. Mafalda, filha de D. Sancho I e neta de D. Afonso Henriques, teria perdido a vida em Rio Tinto e todo o percurso da transladação até o mosteiro de Arouca, mosteiro esse que ainda alberga os seus restos mortais, seria pautado por monumentos em pedra servidos para repousar o caixão com a santa enquanto os seus servos descansavam. Em frente a eles os habitantes locais rezavam pela alma de tão bondosa senhora e por tudo o que havia feito em vida e ainda faz após a morte. E nunca se desmontou estes pequenos monumentos, até aos dias de hoje.


Para saber mais:

  • Pode instalar o Aplicativo da Rota do Românico, nela encontrará estás e outras histórias e descrições sobre os monumentos e serviços locais em toda a área dos Vales de Sousa, Tâmega e Douro inseridos na Rota do Românico.


  • Faça a sua pré-seleção dos monumentos a visitar, escolha pelo menos um monumento de cada categoria. Confie na sua intuição, os exemplos que coloquei são aqueles que eu achei mais representativos de cada categoria, não sinta a obrigação de os incluir.

  • Não tente visitar todas as regiões em um só dia ou em um fim de semana, faça pelo menos um dia por cada vale. Menos kms e mais tempo a dedicar a cada um dos monumentos.

  • Faça pré-marcação dos que quer visitar, pois a disponibilidade em cada monumento vai além do horário tradicional, é também limitado pela disponibilidade de cada cuidador.

  • Quer olhar com outros olhos e ver sob a perspectiva de um escritor internacional, sugiro José Saramago, ninguém descreveu tão bem Portugal numa viagem quanto Saramago, siga pela sua viagem lendo alguns dos trechos deixados por um dos maiores escritores do nosso país:










Commenti


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Olá, que bom vê-lo por aqui!

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