História da Comunidade Judaica em Portugal

Mais uma vez, este artigo não pretende ser uma descrição da história, inscrições e características da Comunidade Judaica em Portugal. Para isso temos livros publicados, mais completos que qualquer publicação que eu possa deixar, e sites oficiais com resumos muito elucidativos. - Já para não falar que a internet está saturada de histórias e lendas, umas verdadeiras outras nem por isso.

A minha intenção com este artigo é de revelar algumas pistas para quem quer iniciar a sua pesquisa e não sabe por onde começar. - Até podia chamar ao artigo "Comunidade Judaica para Totós" mas isso faria de mim a Totó-Mãe.

Todos nós, em alguma fase da nossa vida, temos dificuldade em fazer de uma página em branco, uma história ou um relatório. De lápis e papel na mão, e portátil aberto no Sr. Google, fazemos o nosso melhor para atribuir um título, e a partir deste fazer a pesquisa.

Primeiro desafio: Que palavras pesquisar?

Pesquisar por Judaísmo ou Comunidade Judaica?

9 100 000 resultados num, 2 030 000 noutro. Vai ser dose. E em cada um deles que matéria vai surgir? Qual delas interessa-me mais?

Não devemos esquecer que o Tema sobre a Comunidade Judaica está a crescer nos dias que correm, os interessados são cada vez mais e por conseguinte as publicações crescem a um ritmo alucinado.

O meu primeiro conselho é compreender para que nos vai servir o tema em questão.

O que quero eu dizer com isto? Quero perceber o que me levou a definir o tema Comunidade Judaica para o próximo tema a abordar. No meu caso o tema é deveras importante visto que ocasionalmente tenho clientes assumidamente Judeus que procuram em Portugal possíveis origens familiares. Assim sendo podemos começar a definir já alguns aspetos sobre os quais queremos abordar. Por exemplo: O que levou, e quando, as famílias deles a sair de Portugal? Como e quando chegaram os Judeus a Portugal? Ainda existe famílias judias em Portugal? O que os diferencia dos Cristãos? Que provas existem das presenças destas famílias em Portugal?

Pouco a pouco novas perguntas vão sendo levantadas para complementar outras previamente feitas.

O meu segundo conselho é definir limites da informação que queremos.

Temos centenas e milhares de sites relacionados com o Judaísmo em Portugal e milhões com a Comunidade Judaica em geral, como fazemos para selecionar a informação a usar?

Primeiro definimos sites fidedignos, por exemplo os sites de Turismo Oficiais, de Portugal e das cidades, providenciam uma informação base e credível, sites de redes de organizações, tais como Rede de Judiarias de Portugal, e por fim sites de informação noticiosa e histórica - não quer dizer, contudo, que todos eles tenham exatamente a mesma informação e estejam a 100% em conformidade uns com os outros. Devo lembrar que a História é um conjunto de interpretações de historiadores diferentes baseados, muitas vezes, em factos que para estes lhe faz mais sentido.

Sem avançar para já, deixo-vos um momento da história que suscita ainda muitas diferentes interpretações consoante o espaço temporal em que vamos buscar a informação:

Aristedes de Sousa Mendes é hoje um Herói celebrado pelos milhares de pessoas que salvou, independentemente se eram judeus ou não. Foi tido como "O Justo entre as Nações" e destacado entre os muitos Heróis do Holocausto. O certo é que antes da queda da ditadura em Portugal, o mesmo Herói sem Capa foi exonerado por desobediência e morreu deixando mulher e 14 filhos na penúria. Factos ainda se discutem, uns dizem que não é verdade, Salazar não o deixou sem pensão, outros dizem que o Estado autopromoveu-se pela glória da salvação dos refugiados de Bordéus com via de se escapar às consequências da Segunda Grande Guerra e deixou ao abandono o autor das procurações. Histórias ou Lendas, todos os dias debatemo-nos com a incerteza das mesmas.

Como todos sabemos, - eu sei porque acho que sou viciada em desfolhar livros - não podemos esquecer que os livros são de facto fontes fidedignas e inquestionáveis - no tempo em que foram escritos, claro. - Estes foram feitos, em alguns dos casos por historiadores que dedicaram décadas da sua vida ao estudo do tema que nós queremos estudar em 1 semana. No entanto é de registar que pode haver momentos de descobertas de novos factos que vão mudar por completo a história já escrita a tinta preta.

Ainda existem vídeos, documentários e resumos na RTP, História, Discovery, ou mesmo no youtube, alguns deles muito elucidativos e práticos para quem quer fazer o jantar e ouvir, e não perder tempo vendo programas televisivos desnecessários.

Em suma, não faltam informações à nossa volta para o tema que pesquisamos, a questão é saber selecioná-la.

Como conselho seguinte proponho que façam palavras chave, ou índice, do que vão usar para centralizar as vossas informações. Façam apontamentos, façam cronologias, façam esquemas... Usem e abusem de estratagemas que vos facilitem a conexão entre subtemas para uma melhor compreensão.

Por fim, pegando nos apontamentos que já conseguiram, transformem nas vossas próprias palavras, é aqui que entra o verdadeiro Contador de Histórias, - conhecido como storyteller - e é aqui que se vai diferenciar de todos os outros que já escreveram ou falaram sobre o mesmo tema que vocês.

Sobre a arte de Contador de Histórias ou Estórias, falaremos um outro dia.

Deixo-vos, agora, com um conjunto de Subtemas usados para a minha pesquisa e abordagem em campo:

• História pré-Diáspora

• Diáspora

• Comunidade Judaica na Península Ibérica

• Comunidade Judaica em Portugal

• Cripto-Judaísmo em portugal

• Século XX em Portugal

• Judaísmo da atualidade em Portugal

• Crenças do povo Judeu

• Património Judaico em Portugal

• Museus e centros de Interpretação em Portugal

• Personalidades Judias ao longo da História

Espero que estas dicas vos ajudem a desenvolver os temas que deixaram nas gavetas há meses e tardam em sair para o papel.

Arrisquem em novas abordagens e deixem aqui as vossas ideias.