Eucaliptos em Portugal

De Norte a sul, somos invadidos por um tipo de árvore não autóctone que molda a paisagem como se cá vivesse desde há séculos: o Eucalipto, ou conhecido em “biologês”, Eucalyptus Globulus. Dele extraímos a celulose, fazemos papel, produtos de farmácia, entre outros. Os seus óleos tem propriedades balsâmicas e antissépticas. Considerada a espécie que maior área ocupa nas florestas portuguesas, com cerca de 812 mil hectares, 92% deste material segue para a indústria do papel, e sendo uma das maiores empresas nacionais, a Navigator. O Eucalipto vem, originalmente, da austrália, de uma zona relativamente seca, pobre em nutrientes e vitaminas e propícia a incêndios regulares. O eucalipto aprendeu a viver sobre estas mesmas circunstâncias, e com elas se tornou numa espécie sobrevivente e facilmente adaptável a qualquer ambiente, senão, analisemos o ambiente nacional. Ao contrário de outras árvores, que quando se deparam com mais água do que estão habituadas a lidar, afogam-se, o eucalipto tende a sugar toda a que pode e cresce à velocidade da água que recebe, ou seja, com muita água cresce muito rapidamente, por isso é que em várias zonas de Portugal, o eucalipto tem completo estado de maturidade aos 10 anos, podendo ser cortado e usado para matéria prima de imediato. Quanto à falta de nutrientes e vitaminas a que o eucalipto aprendeu a sobreviver na austrália, as mesmas não caem do céu todos os anos como a água, como tal não pode sugar para garantir a sobrevivência, as vitaminas e os minerais ou estão no solo, ou não estão. Assim o eucalipto desenvolveu um óleo bloqueante que se liberta no solo e bloqueia os nutrientes e vitaminas para si próprio, outras árvores e arbustos não conseguem alcançar estes bens da terra, por isso dizemos que se a terra que for usada para plantação de eucalipto, não voltamos a usar para a agricultura. E quanto aos incêndios constantes, o eucalipto aprendeu que não tem que morrer durante o incêndio, pode simplesmente repassá-lo rapidamente para a árvore seguinte e ser afectado apenas de forma superficial, permitindo assim que as árvores à sua volta apanhem com o fogo e sejam consumidas até a sua morte. O eucalipto, em caso de incêndio, foi afectado na sua parte exterior, mas, no espaço de 2 semanas, renasce pelo interior, novos raminhos nascem a partir do tronco. De facto, o eucalipto é mais inteligente que muita gente que eu conheço. As suas caracte_ rísticas de sobrevivência não terminam por aqui. O que fazem eles como forma de evitar animais terrestres, por exemplo cabras de comer as suas folhas enquanto ainda jovem? Resposta, as características da folhas. Até 2 metros de altura, o que em Portugal diz respeito a 1 ano de crescimento, as folhas do eucalipto são de um azul prateado, odor e sabor diferentes, não reconhecíveis pelos animais, sendo assim está livre de ser consumido pelos animais terrestres. A partir dos 2 metros de altura, a sua folha desenvolve-se para o seu aspecto normal de adulta, folha verde escura e forma de meia lua. Há no entanto, na austrália, um animal que sobe às árvores e adora este tipo de folha, será que este animal se passou despercebido ao eucalipto? Não, a folha que o eucalipto desenvolveu em adulto tem uma toxina que vai matar o animal pelo interior. O coala come as folhas de eucalipto, e toda a força do animal vai para o estômago para lutar contra a toxina, por isso perde força no resto do seu corpo adormecendo. A natureza é um ciclo perfeito e incrível.